sexta-feira, setembro 23, 2005

Festival do Rio

Aviso rápido, nas próximas duas semanas estarei basicamente dedicado a isso aqui: www.planosergioleone.blogspot.com

Nos vemos no Festival.

quarta-feira, setembro 21, 2005

o som

e então você diz as mesmas palavras de sempre oi tudo bem como vai e aí? as palavras de ontem e de hoje e provavelmente de amanhã as mesmas palavras de sempre e então eu ouço de outra forma outra forma outra forma e então de sua boca não saem mais palavras não palavras saem sons outros sons novos sons que eu nunca escutei saem sons que ninguém nunca escutou e então sua face se ilumina e não é o sol batendo no rosto não são os sons os sons que ninguém nunca escutou e então eu começo a chorar e então eu começo a chorar e todo mundo pára para ver e você constrangida pára de falar e eu constrangido continuo a chorar eu continuo eu continuo eu não posso mais parar e eu choro sem parar e então você pergunta constrangida se disse algo de errado e então eu percebo que apesar dos sons os sons os novos sons que saem da sua boca e da sua face e do seu corpo inteiro você está distante e estará distante eternamente distante e sua face iluminada é o sol que bate no seu rosto mesmo e então num fiapo de voz eu digo não nunca nada de errado e então eu penso que, para você, são as mesmas palavras de sempre.

escrito ao som de Leonardo Cohen - The Songs of Leonard Cohen

domingo, setembro 18, 2005

MSN - I

- tdo bem?
- tdo. e vc?
- ah, mais ou menos.
- pq?
- ah, a vida. o de sempre. vc sabe...
- pô, nem sei...diz ae...
- ...
- sou eu?
- naum, quer dizer, talvez, quer dizer, acho que eh sim.
- que bom, pensei que vc jah tivesse me esquecido.
- eh, eu tb.
...
- agora eu tenho que ir. bjs. outro dia a gente se fala.
- bjs.

segunda-feira, setembro 12, 2005

Na noite

e eu digo
eu te amo
assim sem-querer
meio quase
do nada

como quem fala
por engano
ou pede por
favor eu gostaria
de um copo
dágua

você surpresa
não sabe se
chora
bate a porta e
vai embora

ou se morre
de risada

na dúvida
simplesmente diz
eu não
e vai dormir

aliviada

terça-feira, setembro 06, 2005

Alguém quer um livro?

Como eu não tenho nada pra postar hoje, resolvi avisar ao leitor saudadento que estou no Portal Literal, como vencedor do Exercícios Urbanos de agosto. Meu conto O Telefonema - que, vocês, amigos atentos do blog, podem perceber que leram em primeira mão! - levou o prêmio de 300 reais em vale-livro. Isto é, nos próximos meses vocês irão me ver rodeado de obras, enfurnado em palavras, encharcado de páginas, com óculos consertado e peso na mente.

Mas, além de um aviso egocêntrico - e qual blog não é? -, esse post serve também como incentivo. Vamos ser francos, se eu ganhei, leitor desanimado e talentoso, você também pode ganhar! E isso não é falsa modéstia, é simples constatação. Esse concurso rola todo mês e não custa nada participar. Eu, por exemplo, perdi dez minutos de uma manhã insone. É muito pouco, não?

Portanto, mãos à obra, leitor preguiçoso. E, por falar em preguiça, amanhã tento atualizar essa joça para os poucos que ainda a visitam. Mas não garanto. A cama, o cinema e o fazer nada normalmente falam mais alto.

escrito ao som de Jefferson Airplane - Surrealistic Pillow

sexta-feira, setembro 02, 2005

Pódiquéste

Meu último plano criado para não se realizar constitui-se na feitura de um podcast. Podcast, para quem não sabe, é uma espécie de programa de rádio eletrônico que, para ganhar esse nome, tem que contar com alguns detalhezinhos insignificantes. (Insignificantes mesmo, muito diferente de dizer que chocolate branco é chocolate, leitor nerd e de mau paladar!).

A idéia é a seguinte... cada programa traria uma temática exclusiva: músicas para se ouvir no domingo à tarde; músicas com lalalas, papapas e similares; músicas para dançar sentado em frente ao computador; entre outras absurdas ou ordinárias. No meio, eu contaria curiosidades interessantes, faria críticas descabidas ou simplesmente não teria o que dizer. Normal.

De todos os temas pensados, um, porém, me persegue incessantemente. Volta e meia me vem à cabeça o quão bom seria se, no dia das mulheres - existe isso? - ou qualquer data parecida, rolasse uma edição com músicas cujos títulos são compostos exclusivamente - ou quase - de nomes femininos. Tenho a teoria de que provavelmente todo grande artista, ou banda, já tenha composto uma música assim, e de que essa música provavelmente está entre as melhores desse artista. Podem pensar em suas cacholas e vocês verão que, com poucas exceções, eu tenho a razão. Pelo visto as mulheres são mesmo, e sempre serão, uma das grandes inspirações dos homens. E poderia ser diferente?

A verdade, entretanto, é que essa idéia só vai e volta na minha cabeça por causa de uma música. Uma música que não sai daqui, não importa o quanto eu tente. E que cada vez que ouço eu me encanto mais. Acho possível que, um dia, eu inda acabe me apaixonando por uma mulher com esse nome por causa dela. Possível não, provável. E vai ter sido por uma boa causa. Com vocês, então, a letra.

"Martha"
Tom Waits

Operator, number, please:
it's been so many years
Will she remember my old voice
while I fight the tears?
Hello, hello there, is this Martha?
this is old Tom Frost,
And I am calling long distance,
don't worry 'bout the cost.
'Cause it's been fourty years or more,
now Martha please recall,
Meet me out for coffee,
where we'll talk about it all.

And those were the days of roses,
poetry and prose and Martha
all I had was you and all you had was me.
There was no tomorrows,
we'd packed away our sorrows
And we saved them for a rainy day.

And I feel so much older now,
and you're much older too,
How's your husband?
and how's the kids?
you know that I got married too?
Lucky that you found someone
to make you feel secure,
'Cause we were all so young and foolish,
now we are mature.

And those were the days of roses,
poetry and prose and Martha
all I had was you and all you had was me.
There was no tomorrows,
we'd packed away our sorrows
And we saved them for a rainy day.

And I was always so impulsive,
I guess that I still am,
And all that really mattered then
was that I was a man.
I guess that our being together
was never meant to be.
And Martha, Martha,
I love you can't you see?

And those were the days of roses,
poetry and prose and Martha
all I had was you and all you had was me.
There was no tomorrows,
we'd packed away our sorrows
And we saved them for a rainy day.

And I remember quiet evenings
trembling close to you...

Todos dão ao Tom Waits a fama, merecida, de cantar melhor do que ninguém os bêbados, os marginais, os motoristas de caminhão...mas eu tenho cá comigo a teoria de que, além de tudo isso, poucos conseguiram atingir na música a dimensão dos relacionamentos e do amor como ele. O cara é foda. Ponto. E Martha é das músicas mais fodas do cara. Ponto. Se o Devendra te tira da fossa, o Tom te deixa curtir uma direitinho, e se bobear inda te bota dentro dela. Mas sofrer é bom às vezes, não? Eu curto, pelo menos.

Enfim, se o post começou com podcats, passou por Tom Waits e agora parece querer discutir a ditadura da felicidade nos tempos atuais, eu resolvo parar por aqui. Antes, porém, um presentinho para vocês, leitores curiosos. Com os senhores e senhoras, Martha.

E bom chororô.

escrito ao som de Cream - The Very Best Of