quinta-feira, agosto 11, 2005

Monólogos

- Mas é óbvio que as mulheres preferem os canalhas. Óbvio. E a verdade é que elas tão certas, elas tão sempre certas. Porra, qual a graça de alguém que diz eu te amo todos os dias, compra flores, prepara o jantar, está sempre disponível? Cansa, sabe? A mulher quer o desconhecido, o misterioso. Um cara que não chega em casa quando diz que vai chegar, que fede à cerveja, que desaparece do nada e quando aparece tá com marca de batom no colarinho. E depois diz eu te amo me perdoa e ela fica querendo acreditar. Por esse cara ela vai chorar, vai sofrer, vai querer se matar. Porque ela não sabe, entende? Ela não sabe quem esse cara é, sabe e não sabe. Já você, e eu, que choramos aqui no bar todas as noites por nossos amores inalcançáveis, já a gente a mulher descobre em um segundo. Descobre, devora e esquece. Vou te dizer, amigo. Pode escrever. Não há nada mais chato e óbvio do que um homem triste e apaixonado.

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Você me pede, com pena e carinho, para eu não ter falsas esperanças. Mas meu amor, você não sabe que todas as esperanças são verdadeiras?

escrito ao som de Django Reinhardt - Souvenirs

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