terça-feira, outubro 18, 2005

o mundo

ele, então, percebeu. não era por ela que sofria. sofria, sim, e muito. mas não por ela. sofria porque não entendia. se ele gostava dela, naturalmente, ela deveria gostar dele. esse era o caminho lógico, o caminho prático, o caminho simples. e então ele sofria. não porque ela não gostava dele, mas porque deveria gostar. sofria porque simplesmente não havia sentido algum. porque ela não gostar dele representava toda a tragédia que é o mundo. as dores de todos os seres humanos, a miséria moral do planeta inteiro. ele sofria porque ela não gostar dele significa que não havia mais conserto. mas não sofria por ela. ela não merecia seu sofrimento. isso ele sabia. mas ele sofria. sofria porque o mundo é um lugar extremamente cruel, sofria por não haver solução, sofria porque a fé já não mais cabia. e então ele sofria. um dia ele perguntou “por quê?”. ela não soube responder.

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