quarta-feira, abril 06, 2005

Rua do Quarto do Mundo

Há nas pedras portuguesas em que piso
Um tanto de gozo e outro de sangue,
Um desassossego calado e tímido
Que descansa neste peito sempre insone.

Há na alma estrangeira em que vivo
Um eterno quê de pedra ou de fado,
Como se de fardo fosse meu destino
Resguardando cada um de meus pecados.

Há nas pedras portuguesas em que vivo
Um pouquinho de Brasil outro de nada,
Um amor que se esconde atrás dos livros
Ou na fresta de uma pátria enterrada.

Há no mundo tão covarde em que peco
Uma rima quinda não foi inventada,
Uma pedra portuguesa de brinquedo,
Uma alma-brasa que me vem calada.

Há em meu corpo um não sempre presente,
Que insisto em fazer de minha estrada.

escrito ao som de Al Green - I'm Still In Love With You

|