sábado, fevereiro 26, 2005

O filme das frases de efeito

É incrível como em pouco tempo o senso crítico de uma pessoa pode mudar. Quando assisti Histórias Proibidas, de Todd Solondz, no cinema faz uns 3 anos, havia tido uma impressão altamente favorável do filme. A primeira parte, para mim, era muito boa, e a segunda guardava momentos interessantes, apesar de irregular. Dia desses, porém, revi no Telecine e o mínimo que pude pensar foi “como alguém pode gostar dessa porra?!”. Porque o filme nada mais é do que um diretor que se diverte imaginando “como eu posso fazer desse personagem o mais escroto, o mais babaca, o mais merdinha possível?”. E assim ele acha que destila “verdades” sobre negros, moradores do subúrbio, pseudo-intelectuais, etc. etc. etc. quando o máximo que consegue fazer é uma obra falsa e patética. E a cada ação grotesca que um personagem é obrigado a cometer pela varinha mágica de Solondz, tudo que se consegue imaginar é “quando isso vai acabar?”. Eu, que tinha achado ao sair do cinema ter visto uma obra de força e coragem grandes, hoje percebo que, por trás da fachada de transgressor, se escondia um diretor covarde a ponto de não querer investigar além de qualquer frase de efeito. E hoje em dia, acredito, eu já não me contento com elas.

P.S: Desculpem-me pelo post de má qualidade literária. Eu tinha pensado em uma boa frase curta para este sábado mas, de tão curta, a esqueci.

escrito ao som de Hermeto Pascoal - Festa dos Deuses

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